terça-feira, 17 de abril de 2012

Retomada de atividade sob forma de revisão


Caverna de LascauxDe volta às minhas reflexões sobre a natureza humana, um aspecto interessante é a qualidade artística que, até onde sei, é tipicamente humana e nunca foi descrita em outros animais.
Antes de entrar em reflexões mais profundas, gostaria de deixar claro o que estou chamando de arte (a palavra vem do latim ars, que significa habilidade). Um pré-requisito da arte é levar ao produtor da arte e/ou ao observador uma experiência estética ou emocional. A idéia é que a arte envolva habilidade e inteligência criativa. Dessa forma, instrumentos criados pelos homens pré-históricos pra facilitar a obtenção de alimento não seriam considerados arte nessa definição.
Alguns pesquisadores tentaram definir uma região especifica do cérebro como responsável pela arte. O fato de pacientes de Alzheimer perderem a capacidade artística (os desenhos ficam desorientados e o paciente perde a perspectiva espacial) realçou a importância do lobo parietal direito (parte do cérebro lesionada em pacientes com Alzheimer) para artes visuais e criatividade (Cummings e Zarit, 1987). Estudos revisados por Ahmed e Miller apontam que o hemisfério esquerdo é mais importante para funções relacionadas à linguagem, leitura, escrita e cálculos. Por outro lado, o hemisfério direito seria dominante para funções artísticas, emoção e habilidades espaciais e visuais.
Mas por que gastamos tanto tempo com arte? Na busca de alguma vantagem evolutiva para a prática, Ellen Dissanayake, uma antropóloga que estuda arte e cultura na Universidade de Washington, em Seattle, descobriu algo que pode ser tanto revolucionário quanto senso comum. Segundo Dissanayake, o impulso artístico estaria presente desde o nascimento, e seria um característica tão antiga, universal e persistente que se pode ter certeza de que ela é inata, e não adquirida.
Muitos pesquisadores acreditam que a arte seja uma conseqüência de cérebros mais desenvolvidos, aparecendo acidentalmente durante a evolução humana. Seria como um subproduto de um cérebro capaz de resolver problemas e que se chateia facilmente, procurando outras formas de entretenimento para saciar as redes neurais envolvidas com o sentimento de recompensa.
Dissanayake, por outro lado, acredita que a arte seja uma adaptação evolutiva mantida por méritos próprios e não um simples ornamento dispensável da cultura humana. A arte seria essencial para a sobrevivência da espécie humana. Afinal, a produção artística consome uma bela porção de tempo e energia humana, uma extravagância que não seria aceitável para um mero resquício evolucionário. Além disso, a arte nos traz um sentimento de prazer, e atividades prazerosas são geralmente as que o processo evolutivo considera muito importante para deixar ao simples acaso, correndo o risco de perdê-las.
Mas se a arte é tão importante assim, serve para quê, afinal? Alguns teóricos consideram que a arte seja uma forma de exibição sexual, ou uma forma indireta de retratar o seu repertório genético envolvido com a criatividade, fornecendo uma vantagem adaptativa.
No entanto, pode até ser que, na cultura ocidental, a arte seja uma forma que a elite artística encontrou de se destacar do mundo real, competindo por reconhecimento. Mas, para culturas tradicionais e durante a maior parte da história humana, a arte serve como uma forma de agregação comunitária, seja através da religião, de guerras ou simplesmente pelo senso de identificação grupal. A arte amplifica a experiência, tornando-a memorável e significativa.
A arte não surgiu como um privilégio de poucos, mas sim para as massas. É através da arte que o indivíduo se apega ao social, fortificando-se com a troca de informações e se preparando melhor para encarar o mundo. Dessa forma, a arte deveria funcionar como um elixir social e não como um fator de exclusão.
Segundo Dissanayake, muitas características do processo artístico, como as convenções estilísticas, padrão tonal, reciprocidade e criatividade, são idênticas à mais primitiva relação social humana: a íntima relação entre mãe e filho.
Depois de estudar centenas de horas de relacionamento entre mães e filhos em diversas culturas, Dissanayake pôde caracterizar fatores essenciais que caracterizam a forte ligação dos dois. São fatores visuais, vocais e gestos que aparecem espontaneamente e inconscientemente entre mãe e filhos. Esses fatores nunca deixam de operar de acordo com algumas regras: chamada e resposta, entonação da voz, movimento dos olhos, sorriso exagerado, repetições e variações do mesmo tema, sensação de recompensa com o riso etc.
As regras desse relacionamento têm um tempo ideal para acontecer e funcionam com respostas esperadas para cada tipo de ação. Caso esse delicado sistema não funcione de forma ordenada, observa-se uma chateação tanto por parte da mãe quanto do filho. Para Ellen, essa coreografia comportamental é muito semelhante ao processo técnico e construtivo da arte. Essas operações rituais, estruturadas entre mãe e filho, teriam um grande valor estético.
E operações estéticas são operações artísticas. Seja numa peça musical ou numa coreografia de dança, o artista sempre procura repetições, exageros, manipulação da expectativa e variações dinâmicas sobre um mesmo tema. Ele usa as ferramentas que mães usaram, e ainda usam, para criar uma conexão com os filhos durante milhares de anos.
Segundo essa visão, que me agrada muito, somos todos artistas inatos e, na sociedade ocidental, desaprendemos arte conforme nos tornamos adultos, trucidando uma das mais belas características humanas.




A compreensão da arte rupestre é um grande desafio para vários pesquisadores.
A arte rupestre é reconhecida como uma das mais antigas manifestações estéticas do homem ao longo de toda sua história. O termo rupestre vem do francês e significa “gravação” ou “traçado”, fazendo referência direta às técnicas empregadas nas pinturas que representam esse tipo de expressão artística. Encontrada geralmente nas paredes das cavernas e em pequenas esculturas, a arte rupestre tem grande importância na busca de informações sobre o cotidiano do homem pré-histórico.

Para alguns especialistas, o reconhecimento dessas pinturas como sendo algum tipo de arte é bastante complicado, pois nem sempre temos a completa certeza de que as pinturas tratam de algum sentido representativo ou estético. Além disso, muitas pessoas se equivocam ao pensar que a arte rupestre se localiza somente na Pré-História. Pesquisas recentes comprovam que esse tipo de arte se desenvolveu em diferentes periodizações da história do homem.

Atualmente, algumas estatísticas indicam a existência de aproximadamente 400 mil sítios arqueológicos com arte rupestre ao redor de todo o mundo. A África, principalmente nas regiões sul e do Deserto do Saara, concentra a maior quantidade de pinturas e gravuras desse tipo. No Brasil, a arte rupestre é abundante nos sítios arqueológicos encontrados na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, onde está o grande sítio de São Raimundo Nonato, localizado no estado do Piauí.

As dificuldades encontradas para se reconhecer e interpretar pinturas rupestres é um enorme desafio para os arqueólogos, paleontólogos e demais especialistas envolvidos com esse tipo de pesquisa. Alguns acreditam que os registros deixados há milhares de anos poderiam indicar uma forma de linguagem desenvolvida. Outras hipóteses levantam a possibilidade de que os desenhos rupestres, principalmente os encontrados no interior das grutas, teriam algum sentido religioso ou cerimonial.

Em linhas gerias, podemos reconhecer a presença de vários temas sendo privilegiados no interior desse tipo de manifestação artística. Em algumas pinturas, temos a produção de traços, formas circulares e formas geométricas. Além disso, temos a recorrência de impressões que reproduzem mãos e pés humanos, bem como as patas de diferentes animais. Em outras manifestações rupestres temos a representação do próprio homem, de animais e de cenas cotidianas que nos conta sobre as atividades dos grupos pré-históricos.

Para realizar seus registros, a arte rupestre faz o uso de uma diversidade de materiais e técnicas. Gravado usualmente em superfícies rochosas, os autores rupestres faziam uso dos dedos ou de algum utensílio que orientasse o desenho a ser realizado. Para fabricar a “tinta” faziam uso do carvão, de fragmentos de óxido de ferro, clara de ovo, água e sangue. Além disso, essa arte também é dividia em diferentes periodizações que organizam suas mais variadas vertentes.

Tomando como referência a organização social do indivíduo, a arte rupestre pode ser fracionada em quatro grupos distintos: os “caçadores-coletores arcaicos”, os “caçadores evoluídos”, os “criadores de rebanhos” e as “sociedades complexas”. Do ponto de vista temporal, se divide no período levantino (6.000 – 4.000 a.C.), onde predominam as representações cotidianas com grande movimento, e o da arte esquemática ( 4.000 a.C. – 1.000 a.C.), tempo em que as formas mais abstratas ganharam espaço.
Por Rainer Gonçalves Sousa


Pré-História
As fases da Pré-História, cultura e arte pré-histórica, Paleolítico ( Idade da Pedra Lascada ), Mesolítico, Neolítico (Idade da Pedra Polida), a vida dos homens das cavernas, nômades e sedentários, origem da agricultura, arte rupestre, resumo
arte rupestre
Arte Rupestre: pintura em paredes de cavernas
Introdução
Podemos definir a pré-história como um período anterior ao aparecimento da escrita. Portanto, esse período é anterior há 4000 a.C, pois foi por volta deste ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme.
Foi uma importante fase, pois o homem conseguiu vencer as barreiras impostas pela natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humanidade na Terra. O ser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para os problemas da vida. Com isso, inventando objetos e soluções a partir das necessidades. Ao mesmo tempo foi desenvolvendo uma cultura muito importante. Esse período pode ser dividido em três fases: Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada
Nesta época, o ser humano habitava cavernas, muitas vezes tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Quando acabavam os alimentos da região em que habitavam, as famílias tinham que migrar para uma outra região. Desta forma, o ser humano tinha uma vida nômade (sem habitação fixa). Vivia da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da coleta de frutos e raízes. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras. Os bens de produção eram de uso e propriedade coletivas.
Paleolítico:  Machado de madeira e pedra Paleolítico:  Machado de madeira e pedra (reprodução)
Nesta fase, os seres humanos se comunicavam com uma linguagem pouco desenvolvida, baseada em pouca quantidade de sons, sem a elaboração de palavras. Uma das formas de comunicação eram as pinturas rupestres. Através deste tipo de arte, o homem trocava idéias e demonstrava sentimentos e preocupações cotidianas.
Mesolítico
Neste período intermediário, o homem conseguiu dar grandes passos rumo ao desenvolvimento e à sobrevivência de forma mais segura. O domínio do fogo foi o maior exemplo disto. Com o fogo, o ser humano pôde espantar os animais, cozinhar a carne e outros alimentos, iluminar sua habitação além de conseguir calor nos momentos de frio intenso. Outros dois grandes avanços foram o desenvolvimento da agricultura e a domesticação dos animais. Cultivando a terra e criando animais, o homem conseguiu diminuir sua dependência com relação a natureza. Com esses avanços, foi possível a sedentarização, pois a habitação fixa tornou-se uma necessidade.

Neste período ocorreu também a divisão do trabalho por sexo dentro das comunidades. Enquanto o homem ficou responsável pela proteção e sustento das famílias, a mulher ficou encarregada de criar os filhos e cuidar da habitação.
Neolítico ou Idade da Pedra Polida
Nesta época o homem atingiu um importante grau de desenvolvimento e estabilidade. Com a sedentarização,  a criação de animais e a agricultura em pleno desenvolvimento, as comunidades puderam trilhar novos caminhos. Um avanço importante foi o desenvolvimento da metalurgia. Criando objetos de metais, tais como, lanças, ferramentas e machados, os homens puderam caçar melhor e produzir com mais qualidade e rapidez. A produção de excedentes agrícolas e sua armazenagem, garantiam o alimento necessário para os momentos de seca ou inundações. Com mais alimentos, as comunidades foram crescendo e logo surgiu a necessidade de trocas com outras comunidades. Foi nesta época que ocorreu um intenso intercâmbio entre vilas e pequenas cidades. A divisão de trabalho, dentro destas comunidades, aumentou ainda mais, dando origem ao trabalhador especializado.
Evolução do Homem na Pré-história (principais espécies)
- Australopithecus
- Pithecanthropus erectus
- Homem de Neandertal
- Homem de Cro-Magnon - Homo Sapiens

O QUE DIZIAM AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS?
 
 A história das civilizações aponta o senso inato de organização e uma natural inclinação do homem pela proporcionalidade. As primeiras manifestações do homem primitivo ao juntar um objeto ao outro denota que o princípio de organização espontânea seria o primeiro passo para o desenvolvimento da forma e a sua posterior evolução, até atingir o estágio das atuais sociedades de consumo.

Dentro do processo da comunicação humana, as primeiras manifestações de comunicação visual esboçam uma tendência natural pela simetria da natureza e, ao mesmo tempo, uma forte carga de intenções dirigidas em oposição à linearidade, tendo como resultado as formas assimétricas. Assim, tanto o Oriente quanto o Ocidente desenvolveram seus conceitos estéticos à procura de soluções que satisfizessem à necessidade criadora através do equilíbrio. É nele que encontramos o ponto central de todo o ordenamento visual.

Allen Hurlburt, estudioso das origens do layout, ao procurar as raízes da forma e a busca de uma definição da estrutura, afirma: "Investigando as primeiras manifestações de civilização, os arqueólogos têm com freqüência encontrado provas e um senso inato de organização e de um gosto natural pela proporção. Em algumas das culturas mais primitivas descobriram-se soluções tão complexas que sugerem o domínio da relação entre a matemática e a forma. Nas primeiras manifestações conhecidas de comunicação visual há uma predileção natural pela simetria da natureza; mas ocasionalmente deparamos também com exemplos de uma forte tensão e formas de equilíbrio assimétrico". (1980: 51).

As antigas civilizações deixaram provas documentais expressivas e ainda pouco explicadas em nossos dias. O legado arquitetônico deixado pelas civilizações grega e romana é o testemunho dessa predileção do homem pela forma através dos milênios, sem esquecermos os extraordinários feitos das culturas egípcia, inca e, notadamente, maia, considerada a cultura que reuniu os mais sofisticados cálculos matemáticos e sólidos conhecimentos de astronomia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário